[FP] VAUGHAN, Alexandra

"Quem fica para trás é deixado para trás.", Alistair havia dito para a pequena Alexandra uma vez, quando ela lhe perguntara sobre a sua mãe. Naquele instante, enquanto observava as estrelas deitada na vigia do navio que outrora fora comandado por seu pai, sabia exatamente o que aquelas palavras significavam. A garota sempre tivera uma habilidade notável de ver a verdade simples e transparente através das coisas mais complicadas, e nunca entendera se aquilo era uma coisa boa ou ruim.
O rum em sua mão já estava quente há dias, porém mal se lembrava de como era sentir um líquido frio refrescando sua garganta, quanto mais algo alcoólico de boa qualidade. Não, o rum quente e velho era tudo que tinha para confortá-la, e por mais que não fosse do tipo que bebia muito, era impossível não fazê-lo naquele navio. Os dias passavam entediantes, em sua maior parte, sem a grande adrenalina que lhe fora prometida, que a vida de pirata deveria guardar. Os dias passavam assim, com o líquido da garrafa acabando aos poucos, as estrelas dando lugar ao sol e o sol às estrelas.
Ela gostava daquilo, de certo modo, porque a lembrava que quem comandava o navio era sensato (não sensato o suficiente para tratá-la bem, porém sensato o suficiente para manter-se fora de perigo constante, como Alistair fazia) e que ela não estava sempre em perigo de morte. Podia ficar ali, observando tudo, ocasionalmente avistando terra ou outros navios, geralmente não ofensivos. E sonhar em ser uma navegadora, em dirigir aquela embarcação. Não precisava ser capitã, não precisava ser mais nada: só precisava ter suas mãos no timão e comandá-lo.
Quando seu pai comandava o local, sempre sabia para onde iam. Agora, não mais. A maior parte das coisas eram feitas sem que ela soubesse, e nas ocasiões em que descia do topo do mastro para comer se sentia abençoada quando era ignorada pelo resto da tripulação.  Geralmente, eles a insultavam e faziam brincadeiras indecentes, pegando em lugares que não deviam, cuspindo no chão no qual ela pisava. "Vadia", alguns diziam, simplesmente. "Capitão Vaughan merecia ter tido um homem para continuar com a sua glória", falavam os mais educados. E ela fingia não ouvir as vozes com toda a força que lhe restava.
Alexandra nunca escolhera a vida de pirataria, mas que outra vida poderia ter? Não era especialmente bonita, com a confusão de cabelos, ruivos como os de seu pai, enquadrando seu rosto com traços orientais. Não chegava aos pés das beldades em United City, local onde sabia que sua mãe morava. Tinha tanto um futuro lá quanto naquele navio, desejando ter um livro para ler, observando o mesmo mapa várias vezes, marcando a rota que faziam, cantando as únicas músicas que conhecia e inventando novas, geralmente sobre mortes e tragédias.
E ainda com os olhos voltados para o céu, ela compreendia as palavras do pai, e cantarolava-a em uma melodia estranhamente alegre inventando uma história trágica para o amor de seus pais (história que ela própria sabia não existir). Bebia pequenos goles do rum, e por vezes observava a vista em volta dela. Mar, mar em volta de tudo, nada mais até onde a vista alcançava. E provavelmente seria assim por um tempo.

* Canto [Mestre]
* Detecção mentiras [Mestre]
* Leitura e compreensão mapas [Avançado]
* Composição [Avançado]
* Astronomia [Avançado]
* Natação [Bom]
* Manuseio de Facas [Bom]
* Truques de cartas [Bom]
* Navegação [Iniciante]
* Capacidade de mentir [Ruim]
* Bons modos/etiqueta [Ruim]
* Educação escolar (história, matemática, etc) [Ruim]
* Fazer decisões [Horrível]
* Inteligência social [Horrível]

* Duas facas idênticas, bem afiadas, apesar de antigas;
* Baralho de cartas;
* Colar de ouro com um pingente de ouro, um anjo com as iniciais "B. L." e "A. V." gravadas em suas asas.